quarta-feira, 17 de abril de 2019

Rsenha: Angra - Temple of Shadows

Aproveitando o clima da turnê Rebirth of Shadows tour do Edu Falaschi e a celebração dos 15 anos do disco Temple of Shadows, vamos relembrar esse clássico absoluto do metal nacional, que esta sendo executado na integra ao vivo em diversas cidades do país pelo vocalista ao lado de seus ex parceiros na banda e outros músicos extremamente talentosos.
O conceito: Temple of Shadows é baseado nas Cruzadas, guerras religiosas que aconteceram a partir do século XX, deflagradas pelo papa Urbano II, que resolveu que todo mundo que não fosse católico era inimigo de Deus. Segundo Rafael Bittencourt, "o personagem principal Shadow Hunter, é um soldado que é ferido numa das batalhas e acaba sendo socorrido por uma família de muçulmanos. Ele entra em conflito interior, já que a igreja católica, que prega amor ao próximo, está impondo sua verdade matando as pessoas". De acordo com ele, "Shadow Hunter se apaixona pela irmã das pessoas que o socorreram e ele, enfim, entende o que significa o amor". Em seguida, os dois casam-se e passam a viver uma vida tranquila, "até que a família precisa ir à Jerusalém, e quando está lá, o exército cristão invade a cidade e mata todas as pessoas", relata Rafael, referindo - se a um episódio que realmente aconteceu em 1.099. A mulher e os filhos do personagem principal morrem nessa batalha "e a felicidade dele é totalmente tomada. A partir daí, ele começa a peregrinar, relatando suas revelações." Rafael conta que Shadow Hunter também tem "algumas visões sobre manuscritos que estão escondidos nas ruínas do templo do rei Salomão", citando, novamente, um episódio histórico, "como ele contínua a relatar suas revelações, as pessoas começam a segui-lo e acaba surgindo uma nova religião. Por isso a igreja passa a persegui-lo e ele é capturado, torturado e morto."

Fonte: Revista Rock Brigade Edição n° 218, Ano 23, Setembro de 2004.

O Disco: Lançado originalmente há 15 anos, Temple of Shadows marcou o auge da então nova formação da banda brasileira. Composta pelos guitarristas Kiko Loureiro e Rafael Bittencourt, além de Felipe Andreoli no baixo, Aquiles Priester na batera e Edu Falaschi nos vocais em sua melhor forma. O disco traz todos os elementos que os fãs do chamado metal melódico esperam, belas melodias, solos virtuosos, andamentos rápidos de bateria e notas altas, junto com elementos da música clássica e a musicalidade brasileira sempre presente no som da banda.
Abrindo o álbum Deus le Volt! já prepara o clima para a épica e clássica Spread Your Fire, hoje obrigatória no repertório da banda ao vivo, um power metal estupendo, com uma bateria bem acelerada. O destaque aqui fica para a bela voz de Sabine Edelsbacher da banda austríaca Edenbridge, cantando frases em latim. Angels and Demons vem na sequencia mantendo a pegada da faixa anterior, mostrando uma banda em perfeita sintonia. Waiting in Silence dá uma desacelerada, mostrando-se uma música mais cadenciada, com uma bela interpretação de Edu Falaschi, destaque para os solos, incluindo ai o de baixo de Felipe Andreoli. Wishing Well outra bela balada da carreira da banda com violão, ganhou um vídeo clip interessante. Na sequencia vem uma das melhores música dessa fase da banda. The Temple of Hate, um verdadeiro clássico power metal, com a participação do mestre Kai Hansen, uma música carregada de feeling e uma pegada speed metal ao melhor estilo do mestre, com um grande dueto entre Hansen e Edu. The Shadow Hunter uma das melhores canções da banda, um prog metal com uma bela intro de violão, percussão. A letra carregada de emoção na voz de Edu Falaschi, com coros e diversos andamentos, tornou-se clássica. No Pain for the Dead trazendo outra bela introdução no violão no início de forma bem lenta e evolui para um heavy alternando momentos mais calmos com outros mais pesados e sinfônicos. Mais uma vez a bela voz de Sabine Edelsbacher marca presença de forma angelical. A música mistura bem elementos do heavy metal com orquestrações. A próxima faixa Winds of Destination traz outro "herói" do power metal alemão, Hansi Kürsch, em um power clássico, com um belo solo de guitarra, sem dúvidas outro grande momento do disco é o dueto entre Edu e Hansi. Uma pena ele não ter participado do show de divulgação em São Paulo em 2004, nem estar presente agora na gravação do dvd do Edu. Sprouts of Time, outra bela semi balada com piano e violão, com belas harmonias e backings bem colocados, destaque mais uma vez para a interpretação do Edu Falaschi e bandolins executado por Kiko Loureiro. Morning Star, começa percussiva e evolui para um heavy tradicional muito bem executado pela banda, uma agradável música. A grande surpresa ficou para o final. Sem dúvidas a participação do músico brasileiro Milton Nascimento em Late Redemption a principio gerou certa estranheza e até curiosidade, pois bem, ouvindo a música vem a grata surpresa, trata-se de uma agradabilíssima balada conduzida a violão, com frases em português cantadas pelo músico de forma linda e frases em inglês cantadas pelo Edu. Essa música sem dúvidas surpreendeu até mesmo o fã mais conservador da banda. Fechando a disco com a bela outro Gate XIII com pouco mais de 5 minutos de belas orquestrações, com um principio meio marcha fúnebre, mostrando-se um grande encerramento.
Temple of Shadows tornou-se ao longo do tempo um clássico não apenas do power metal, mas também um clássico do heavy metal, venerado ao redor do mundo até hoje, e inspirando novos artistas, simplesmente uma obra prima do início ao fim, merecendo ser ouvido várias vezes.