Antes de mais nada essa é a primeira resenha que não trata de disco, no caso é um documentário disponível na Netflix e que achei muito interessante.
Quebra Tudo: A História do Rock na América Latina, uma série original da Netflix, produzida pelo músico e compositor argentino Gustavo Santaolalla. Como sugere o nome, o documentário vai tratar da história do rock na América hispânica e sua relação com os movimentos políticos e sociais dos países latinos ao longo dos últimos 50 anos.
São ao todo 6 episódios narrado por músicos e produtores que fizeram parte do cenário latino-americano do rock desde a segunda metade dos anos 50, até inicio dos anos 2000. Participam entre os músicos renomados Charly García, Álex Lora, Fito Páez, Julieta Venegas, Rubén Albarrán e o próprio Gustavo Santaolalla. Além de músicos de gurpos como Maná, Soda Stereo, Molotov, Cafe Tabvca, Aterciopelados, Los Prisoneros, entre muitos Outros. A história é narrada de forma cronológica, e passa por diversos países, sendo os principais México e Argentina, mas abordando também a cena do Uruguai, Chile, Colombia e Perú.
Uma das partes mais interessantes é sem dúvida a relação do rock, com o contexto político e social em todas América latina ao longo dos anos 70. Como os músicos utilizaram a sua arte como forma de protesto contra os militares, e como os mesmo demonizavam o rock. Um dos relatos que chama mais atenção foi do músico argentino León Gieco em 1978, nos primeiros anos da ditadura na Argentina. O músico foi chamado a se apresentar em um escritório do exército em Buenos Aires, onde um general o aguardava. Ao chegar nesse escritório, segundo o próprio músico, ele foi ameaçado pelo general com uma arma, com os seguintes dizeres: "Da próxima vez que cantar essa canção, vou mandar um balaço na sua cabeça". Referindo-se a canção Solo le Pido a Dios, seu hino de protesto.
Outro momento político marcante protagonizado pelo rock em solo argentino foi durante a Guerra das Malvinas, época em que músicas em inglês foram proibidas de tocar nas rádios do país, pelo governo. Passa por outros momentos políticos marcantes, como a ditadura de Pinochet no Chile, a abertura política e lei de anistia nos países latinos, redemocratização, o surgimento dos movimentos punk e new wave nos anos 80, grandes eventos em estádio e arenas. O "boom" do rock nos anos 90 com o surgimento da MTV nos países latinos.
O documentário passa ainda pelo punk colombiano que tocava nos anos 80, enquanto o narcotraficante Pablo Escobar aterrorizava Bogotá. A crise econômica no inicio do século, o movimento zapatista no México. A tragédia ocorrida na casa de show República Cromañón em 2004, na cidade de Buenos Aires, durante uma apresentação da banda Callejeros.
O documentário segui uma linha de tempo cronológica, chegando até o ano de 2010.
Enfim, um documentário para quem gosta de rock, político e história. Recomendado para quem quer conhecer melhor artistas e bandas da América latina, sem preconceito e sem se preocupar com rótulos, vale muito apena conferir.
Nota 9,0
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